terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Costeleta com Canela

Dizem que eu teria sido “feito” durante uma viagem dos meus pais ao Norte de África, nove meses antes de eu nascer. Ao certo nunca saberei, mas lá que as datas coincidem…

Acho também que terá origem nessa concepção magrebrina o meu desmesurado gosto por esse espantoso aroma que, a par de outros condimentos, dá um toque tão especial a tantos pratos das cozinhas de Marrocos, Tunísia, Argélia e mesmo Mauritânia, a Canela.

A canela verdadeira provém do Sri Lanka, embora na prática a esmagadora maioria da que aparece nos saquinhos à venda seja realmente uma bem mais barata e com o aroma algo mais grosseiro, a “canela” chinesa e da Birmânia, extraída de árvores da família da Cássia.

Uma e outras partilham um aroma tão dominante que se chega a confundir com um sabor que, na realidade, não tem (se colocar um pouco de canela na língua com as narinas fechadas, terá a sensação de estar a comer serradura!).

Com algumas excepções, a canela tem sido usada no Ocidente mais avançado predominantemente em doçaria, bolos e bebidas. Já nas cozinhas orientais e exóticas é uma especiaria de uso comum nos pratos do dia-a-dia.

Da tradição herdada da casa familiar da infância, fica esta utilização com carne de porco frita, particularmente feliz nas costeletas.


Ingredientes:

Costeletas de porco, neste caso do fundo.
Pimenta moída e em grão
Sal
Alhos
Louro
Canela moída
Vinho branco
Banha de Porco

Preparação:

Molhe as costeletas em vinho branco, coloque-as num prato onde espalhou alguns grãos de pimenta e folhas de louro. Tempere-as do lado de cima com os restantes temperos, tendo o cuidado de polvilhar com a canela antes de ter posto os alhos.
Tape e deixe no frigorífico por umas horas ou de um dia para o outro.



Cerca de 45 minutos antes da refeição, retire e reserve o louro e alhos que estiveram a temperá-las e sele depressa em banha e lume forte as costeletas, primeiro o lado temperado.

Junte depois os alhos e louro reservados , vinho branco, sempre um pouco de cada vez e, quando começar a ferver de novo, baixe o lume e deixe fervinhar até o vinho evaporar e recomeçar a ouvir o som característico de fritar, altura em que deve ir adicionando sempre mais um pouco de vinho.
O prato, que liberta um aroma inebriante, está pronto quando as fatias de alho desaparecem no molho.
Costeleta com canela, arroz de manteiga e chutney de ananaz e pimento.

Nota:

Há poucos dias a Elvira (Elvira’s Bistrôt) publicou uma massa com canela que tinha sido inspirada numa outra mais antiga da Carla (Carpe Diem) a qual, por sua vez , se inspirou numa receita de Olivier para a sua mulher Jools.

4 comentários:

Isabel (pipoka) disse...

Como sabe, eu também sou fã de canela, o que se deve claramente às minhas origens açorianas, pois é especiaria que não falta nos pratos salgados.

bjs

Anónimo disse...

Apesar de eu ser fã incondicional da canela nos doces, confesso que nos pratos salgados já não a aceito tão bem. Há excepções, sobretudo se o sabor for ligeiro e não tomar conta da boca. Mas novas experiências são sempre bem vindas e devagarinho talvez a canela deixe de ser especiaria de doces, cá em casa. Claro que não ajuda o marido não a comer em nada... ;)

Beijinho *
Mariana

anna disse...

Fascinante esta adição de canela na carne, se experimento pôem-me as malas à porta, será? lol!
O Luís teve uma pontaria certeira a detectar as minhas mentirinhas:
Não sou filha única, tenho 1 irmão mais novo;
Não detesto peixes nem mariscos, muito pelo contrário;
Não percebo nadinha de nada de vinhos, mas gostava de perceber:
Foi giro ver como este desafio nos levou a conhecer-nos melhor: sou de Campolide, andei no Liceu Maria Amália, adoro os frangos da Valenciana (são os melhores do mundo)e sou fã das trouxas de ovos da Pastorinha.
E esta, hem?

Selma disse...

Gosto de canela, tanto em pratos doces como salgados. Acho que "combina" especialmente com carne de porco e banana. Tenho observado que a canela moida de potinhos amarelos leva açúcar. Então é interessante conferir no rótulo antes de colocar num prato salgado (se bem que carameliza...rs..).