terça-feira, 11 de maio de 2010

Compota de Morangos Inteiros

.................................. Quando alguém me diz dos horrores da elaboração de uma massa ou do pavor aos pontos de açúcar, o meu primeiro impulso é ripostar um qualquer “mas é tão simples”. Então, lembro-me do tricot, do crochet, do ponto cruz e de tantos outros mistérios insondáveis dos “lavores femininos” onde a minha última habilidade foi, há 50 anos, uns cordões que se faziam com um carrinho de linhas com uns pregos… e eu até sou razoavelmente habilidoso com as mãos!
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Já com as compotas e doces de fruta o caso é diferente: aqui, faz quem quer, que a sabedoria precisa é pouca e elementar e, à excepção daquele pequeno número de cozinheiros que gostam de virar costas ao fogão e deixá-lo a trabalhar sozinho, toda a gente sabe fazer um doce de uma qualquer fruta.
Talvez por isso, em todo este blog que já vai ficando idoso, penso que só publiquei uma Geleia de Camarinhas e o Doce de Gila; o resto seria supérfluo.
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Volto hoje ao tema com uma compota de morangos que é um paradigma de delicadeza e, concordo desde já, de alguma paciência e tempo para a execução.
O resultado é um maravilhoso doce em que o fruto se desfaz literalmente, mas na boca de quem o degusta, numa sinfonia de sabor e texturas fugazes.
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Esta é, literalmente, uma compota só ao alcance de alguns: os que se atreverem a fazê-la.

Ingredientes:
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2 Kg de morangos
2 kg de açúcar
Sumo de 2 limões
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Preparação:
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Compre morangos médios e, depois de lavá-los, retire-lhes o pecíolo e as sépalas verdes com o bico de uma faca. Atenção a esta operação em que o bico da faca deve entrar apenas por baixo das sépalas e não pelo sistema despachado e muito em voga de cortar uma fatia ao fruto, deixando-o assim aberto.
No tacho em que vai fazer a compota, envolva os morangos com metade do açúcar, junte o sumo de limão e deixe em repouso por uma hora.
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Leve então ao lume, até ferver, agitando o tacho mas tendo o cuidado de nunca tocar numa colher de pau ou qualquer outro utensílio.
. Até ao fim, esta compota nunca é tocada, apenas agitada.

Deixe ferver por 5 minutos e apague o lume. Deixe em repouso por 12 horas ou até ao dia seguinte.
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Note que durante o repouso se formou uma enorme quantidade de líquido vermelho. Retire com todo o cuidado, decantando ou com uma concha, dois terços desse líquido para outra panela e ponha-a ao lume, destapada, até o líquido estar reduzido a um quinto do inicial.
Junte entretanto o restante açúcar aos morangos, deixe “molhar” naturalmente e leve ao lume até ferver. Apague e deixe arrefecer.
Repita as fervuras e arrefecimentos, vá retirando a água que se forma por condensação na tampa da panela e em breve verá a calda engrossar, à medida que o ponto se consolida.
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Reúna de novo o líquido que evaporou à compota, repita o processo de ferver/arrefecer, ferva uma última vez e enfrasque bem quente.
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3 comentários:

Miguel disse...

Olá LPontes,
Parece um jogo de paciência entre o vai ao lume e o arrefece, mas acredito que o resultado final seja compensador, aliás como as fotos demonstram e nos dão água na boca. Eu como tenho a mania das ervas e das especiarias, meteria algo ai pelo meio. Também fiz este fim-de-semana passado a compota de morango, conto publicar lá para 5ª ou 6ª. Temos visto bastantes coisas de morango, penso que não é por ser a moda desdes dias mas porque a época do morango infelizmente é curta.
Discordo do LPontes quando diz que não apresentou outras receitas de doces porque as considerou supérfluas. Mesmo banais podem sempre ter um detalhe só seu...
Miguel
http://cozinha-sem-tabus.blogspot.com

moranguita disse...

bem pode levar tempo mas etsa deliciosa
beijinhos

anna disse...

Esta é irresistível para mim... e as operações sucessivas e demoradas não me assustam. Pelo contrário, antecipam e motivam para o resultado que se adivinha.
Só por curiosidade; os chamados «lavores femininos», são também para mim mistérios insondáveis de azares inexplicáveis, lol! Tenho mãozinhas de chumbo... lol!
Sábado vai haver compota de morangos, por aqui.
Beijinhos.